sexta-feira, 20 de julho de 2012

FIGURAE IN PICTURES: ESTUDO DO FOTOGRAMA RETRATO OITOCENTISTA


FIGURAE IN PICTURES:
  ESTUDO DO FOTOGRAMA 
RETRATOOITOCENTISTA

 FOTOPUBLINEWS
Rio * 2012
 
      O escopo do projeto e deste ensaio é, simplesmente, de divulgar o produto de um primeiro estudo do fotograma – retrato oitocentista (cartes e cabinets), sem recorrermos à “muleta” teórica de autores clássicos e estrangeiros.

    As primeiras referências e os primeiros estudos ao/sobre o fotograma – retrato – carte – que conhecemos – datam da década de 80: Boris Kossoy, in Origens e expansão da fotografia no Brasil: século XIX (1980), Gilberto Freyre e Pedro Vasquez, in O retrato brasileiro: fotografias da coleção Francisco Rodrigues (1983), et Carlos Eugênio Marcondes de Moura, Carlos Alberto Cerqueira Lemos e Aracy Amaral, in Retratos quase inocentes (1983).
   
    Selecionamos – para este estudo --, meio que aleatoriamente, retratos plásticos (desenhos e pinturas) de artistas conhecidos, retratos expostos nos citados ensaios acima e algumas peças de nosso acervo pessoal.

    Como se sabe, a carte – de – visite, introduzida por Disdéri em 1854, combina evolução da tecnologia e democratização e socialização(troca) do retrato fotográfico, antes só acessível à burguesia. Como acentua Kossoy, o retrato apresentado dessa forma tornou – se a moda mais popular que a fotografia assistiu em todo o século passado. E acrescenta: “Todos ofereciam seus retratos e recebiam outros em troca como lembrança.“

    Como acentua, também, Annate- resa Fabris (1991), o retrato- carte ”coloca ao alcance de muitos o que até aquele momento for a apanágio de poucos(…).”

    Sabemos, ainda, que os artistas reagiram ao advento da fotografia: e, especificamente, de modo adverso, ao retrato [fotográfico] com a fotopintura, por exemplo:


     “O fotógrafo de estúdio tornava – se aos poucos um técnico no sentido estrito. Surge, então, a necessidade do fotógrafo introduzir em seus retratos alguns  “artifícios estéticos” a fim da caracterizar seu trabalho como “artístico”. Foi o que ocorreu com o retoque e a fotopintura.” (Kossoy, op.cit.,1980).


    Mas teremos, no âmbito da fotografia, esplêndidos retratos, como os plásticos, nesses primórdios – século XIX --, como os de Júlia Margaret Cameron, Lewis Carroll e Nadar, entre outros.

    Pois bem: onde descobrir alguma teoria de produção de fotogramas que inclua alguma normatização relativa à produção do retrato?  Num trabalho de Ricardo Mendes, incluído in Fotografia, usos e funções no século XIX, organizado por Fabris: “ Desco- brindo a fotografia nos manuais: América, 1840 – 1880.

    Na restrita dimensão do fotograma – retrato – carte, o autor insere, via de regra, uma figura, sem fundo (cenário). A priori temos um retrato único, em que o retratista poderá inserir outros constituintes, como cenário (telão) e uns tantos acessórios.

    Cotejando – se esses retratos com retratos plásticos (sic), verificamos que estes apresentam mais detalhes, no que se refere, por ex., à indu- mentária.

    Trabalhando com retratos no formato do cabinet, já temos como elaborar (sic) uma teoria da situação e da relação inter -figurae.

(a) situação simétrica;
(b) situação hierárquica:
(c) situação complexa/plural/
variante.

    Numa primaríssima síntese do estudo de uma série de cartes e de cabinets, temos:

a) figura x figurae;
b) décor/cenário/telão x sem –fundo;
c) acessórios(s) de apoio;
d) acessório(s) de status.

    É raro o que ocorre(u)  no retrato de Joaquim Nabuco, batido no atelier de Alfred Ducasble, no Rccife, circa 1884/5: o close up.
    É raro, também, a inserção de serviçais (escravos, ex – escravos) num décor sofisticado, com status, como se pode observar na carte do escravo alforriado que foi estampada na capa do livro de Kossoy, como o autor nota :

     “As fotografias de escravos(…) trajados, no mais puro estilo aristocrático (…) “ é um importante documento para as ciências sociais. “

    Se o telão pode ter sido utilizado por uma questão de achado estético, pode ter sido usado, às vezes, para preencher o vazio de fundo(?), quando o retratista bate fotos a plein air, no final do século.

    Afinal, temos a impressão que certos acessórios funciona(ri)am como punctum, como o define Barthes, in La chambre claire, note sur la photographie: “O punctum de uma fotografia é esse acaso que nela me fere (…).“ (Como a câmara nas mãos de uma menina. E, como aliás, vemos em retratos plásticos.) ***

                                                     BIBLIOGRAFIA

BARTHES, Roland. A câmara clara.
           Lisboa: Edições 70, 1981.
FABRIS, Annateresa, org. Fotografi-
        a, usos e funções no século XIX
        São Paulo, EdUSP, 1991.
FERREZ, Gilberto. A fotografia no
        Brasil: 1840 – 1900. Rio de Ja
        neiro: FUNARTE/Pró – MEMÓ
        RIA, 1985. 
FREYRE, Gilberto et alii. O retrato
        brasileiro: fotografias da cole -
        ção Francisco Rodrigues, 1840 –
       1920. Rio de Janeiro: FUNARTE
       Fundação Joaquim Nabuco, 1983.
KOSSOY, Boris.Origens  e expan-
        são da fotografia no Brasil: sécu
        lo XIX. Rio de Janeiro: MEC/
        FUNARTE, 1980.
MOURA, Carlos Eugênio M. de et al.
        Retratos quase inocentes. São Pau
        lo: Nobel, 1983.
 FOTOPUBLINEWS
Rio * 2012
 
©  FERNANDO Ferreira CAMPOS.2006
 ©   ColeçãoFOTOPUBLINEWS
       
        Rua da Passagem,159/803.Rio
       

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FERNANDO CAMPOS
            [pós-] graduado em Letras,
    Jornalismo e Comunicação; redator.














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